Briga por espaço esbarra atualmente nas altas dos insumos, nos valores dos terrenos e na crise econômica do Brasil

É difícil circular por São Paulo sem observar canteiros de obras nas principais vias da cidade. Diversos empresários do segmento da construção civil participaram, em São Paulo, do evento de lançamento da revista Go Where Bussiness, que analisa a retomada econômica após as implicações de dois anos de pandemia e da guerra na Ucrânia. Eles comentaram o poder de crescimento que o setor demonstrou mesmo durante a crise sanitária, diferentemente de outros segmentos econômicos.

O presidente da Construtora Barbara, Renato Barbara, ressalta que o segmento atravessou bem a pandemia da Covid-19, mas que briga por espaço esbarra agora nas altas dos insumos, nos valores dos terrenos e no atual momento econômico do Brasil. “A questão que está pegando hoje são os juros. Não dá para esconder. Juros altos. Então acho que a gente vai ter mais um ano para a frente de mercado bem desafiador, mas eu acredito que, logo logo, a coisa volta ao normal”, defende.

O mercado de alto padrão cresceu na pandemia, explica o CEO da Bossa Nova Sotheby’s, Marcello Romero: “O que a gente precisa entender é que esse cliente de alto padrão não precisa mudar de imóvel. Geralmente, ele tem o desejo. Então, ele analisa as opções. O fato é que tem muito pouca oferta de produto. Então isso faz com as pessoas continuem, de uma certa forma, se movimentando no segmento”, afirma.

Murilo Toporcov, da It’s Informovi, empresa especializada em projetos de recuperação de espaços, ressalta forte reação do mercado. “O nosso segmento é mais de interiores. E o que nós tivemos de grandes projetos ultimamente foram projetos, inclusive, com fachadas tombadas, que nós tivemos que fazer o restauro e fazer todo o recheio. Uma grande oportunidade da arquitetura em São Paulo, a gente tem oportunidade de fazer um projeto em que a gente faz toda a modificação interna e externa, com restauro, e entrega à cidade um projeto totalmente novo, mas preservando a história da edificação”, pontua Toporcov.

Pascoal Iannoni, da Flexform, lembra que o homeoffice motivou a busca do cliente por conforto nas residências. “Acabamos tendo alguns faturamentos que superaram a época pré-pandemia. E agora com o retorno à vida normal e o pós-pandemia, esperamos que acabe logo, estamos agregados à venda de ecommerce, no digital, e estamos retomando a venda de adicional, venda corporativa”, lembra.

O fundador da CVC Turismo, Guilherme Paulus, apostou na construção de um hotel inspirado em castelos da Europa em Gramado. “Eu acho que é um momento de prestação de serviço. No Brasil nós temos excelentes hoteis botiques. A própria Saint Andrews, lá em Gramado, que é um castelo, é muito especial. E lá é bem exclusivo, porque são 23 suítes. Inclusive nós temos uma casa, que é uma nova tendência mundial, das pessoas tirarem férias e ficarem hospedados em uma casa com todo o serviço de hotelaria”, comentou.